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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ponto fraco ou virtude?




Uma mulher reclamava constantemente para o marido sobre a falta de asseio da vizinha do lado. Através de sua vidraça, ela muitas vezes via roupa suja pendurada na varanda da vizinha toda vez que esta lavava as roupas da família. Numa bela manhã, a mulher perturbada olhou do outro lado e ficou surpresa ao ver a roupa limpa pendurada na varanda. “Ei! Olhe!” Ela falou para o marido. “Eles devem ter aprendido a lavar a roupa adequadamente. Quem será que os ensinou?”
O marido sorriu e sussurrou para a esposa: “Levantei-me cedo hoje de manhã e limpei nossas vidraças.”


Uma nobre característica 


Cl 3:12-14 -  Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós; acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o vínculo da perfeição. 


Muitas pessoas no mundo hoje consideram a amabilidade um ponto fraco. Contudo, a Bíblia nos ensina que esse não é o caso. A amabilidade é uma nobre característica. É amor em ação, pois o amor não pode existir por longo tempo sem se expressar. Portanto, estamos certos em concluir que a amabilidade é amor prático.


A palavra grega para “amabilidade” (ou “benignidade”) é chrēstotēs, que é traduzida como “bondade”, “bem” (ver Rm 3:12Gl 5:22Ef 2:7). “Essa palavra expressa amor em ação (1Co 13:4). Descreve a consideração gentil, graciosa, amável, tanto em disposição como em ação, para com as necessidades do próximo.”1


Aproximadamente dois anos atrás, no Quênia, enfrentamos o momento mais difícil da história de nosso país. Consistindo de mais de 40 tribos/dialetos distintos, o Quênia sempre havia sido um refúgio pacífico na África. Contudo, no fim de dezembro de 2007, o povo elegeu novos líderes políticos. Os resultados da eleição foram colocados em dúvida, e muitos se voltaram contra seus vizinhos. Durante a primeira parte do ano seguinte, vizinhos mataram vizinhos e desumanamente destruíram as propriedades uns dos outros. O medo e o pânico se espalharam como um tsunami.


Em certa área, um edifício de igreja abrigava dezenas de pessoas em busca de segurança, após muitos outros lugares supostamente seguros terem sido incendiados. Contudo, a igreja também foi incendiada. Certa senhora, que conseguiu sair do edifício em chamas com o filho, foi confrontada por uma turba que assistia ao espetáculo. A mãe e a criança foram atacadas com espadas e jogadas de volta no fogo. Em vez de encontrarem a paz e o amor de Deus que o edifício representava, as pessoas que estavam ali dentro morreram selvagemente.


Em Colossenses 3:12, Paulo escreveu: “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade” (Almeida Revista e Corrigida). Aqui o apóstolo enfatiza a necessidade de um ato voluntário pelo qual os cristãos tomam sobre si a semelhança de Cristo e Seu caráter. Ao chamar-nos de “eleitos de Deus”, ele está dizendo que somos súditos do reino dos Céus. Todos os que aceitaram a Cristo, a despeito de distinções nacionais, religiosas, raciais e sociais, são eleitos de Deus. Paulo nos admoesta a revestir-nos de “entranhas de... benignidade”. No grego, a palavra “entranhas” é splagchna, que significa “as partes interiores” ou “a sede das emoções”.2 Nossa vida deve ser centralizada em Cristo. Nosso caráter deve falar dAquele que nos chamou.


A medida do Reino de Deus 


(2Sm 9:1-13  -  Disse Davi: Resta ainda, porventura, alguém da casa de Saul, para que use eu de bondade para com ele, por amor de Jônatas? Havia um servo na casa de Saul cujo nome era Ziba; chamaram-no que viesse a Davi. Perguntou-lhe o rei: És tu Ziba? Respondeu: Eu mesmo, teu servo. Disse-lhe o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que use eu da bondade de Deus para com ele? Então, Ziba respondeu ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés. E onde está? Perguntou-lhe o rei. Ziba lhe respondeu: Está na casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar. Então, mandou o rei Davi trazê-lo de Lo-Debar, da casa de Maquir, filho de Amiel. Vindo Mefibosete, filho de Jônatas, filho de Saul, a Davi, inclinou-se, prostrando-se com o rosto em terra. Disse-lhe Davi: Mefibosete! Ele disse: Eis aqui teu servo! Então, lhe disse Davi: Não temas, porque usarei de bondade para contigo, por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu comerás pão sempre à minha mesa. Então, se inclinou e disse: Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu? Chamou Davi a Ziba, servo de Saul, e lhe disse: Tudo o que pertencia a Saul e toda a sua casa dei ao filho de teu senhor. Trabalhar-lhe-ás, pois, a terra, tu, e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que a casa de teu senhor tenha pão que coma; porém Mefibosete, filho de teu senhor, comerá pão sempre à minha mesa. Tinha Ziba quinze filhos e vinte servos. Disse Ziba ao rei: Segundo tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim o fará. Comeu, pois, Mefibosete à mesa de Davi, como um dos filhos do rei. Tinha Mefibosete um filho pequeno, cujo nome era Mica. Todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete. Morava Mefibosete em Jerusalém, porquanto comia sempre à mesa do rei. Ele era coxo de ambos os pés.  


Em 2 Samuel 9:1-13, há uma história que nos mostra o que significa ser amável. O rei Saul queria Davi morto. Contudo, após a morte de Saul, e por amor ao filho dele, Jônatas, Davi perguntou se restava alguém da família de Saul a quem ele pudesse mostrar misericórdia. A resposta foi sim – o filho aleijado de Jônatas, Mefibosete. Leia essa tocante história, se já não o fez.



Jo 13:1-30  -  Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. Durante a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que traísse a Jesus, sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltava para Deus, levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me lavas os pés a mim? Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora; compreendê-lo-ás depois. Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo. Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça. Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos. Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos estais limpos. Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes. Não falo a respeito de todos vós, pois eu conheço aqueles que escolhi; é, antes, para que se cumpra a Escritura: Aquele que come do meu pão levantou contra mim seu calcanhar. Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU. Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou. Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou: Em verdade, em verdade vos digo que um dentre vós me trairá. Então, os discípulos olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. Ora, ali estava conchegado a Jesus um dos seus discípulos, aquele a quem ele amava; a esse fez Simão Pedro sinal, dizendo-lhe: Pergunta a quem ele se refere. Então, aquele discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é? Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois, um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. E, após o bocado, imediatamente, entrou nele Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o depressa. Nenhum, porém, dos que estavam à mesa percebeu a que fim lhe dissera isto. Pois, como Judas era quem trazia a bolsa, pensaram alguns que Jesus lhe dissera: Compra o que precisamos para a festa ou lhe ordenara que desse alguma coisa aos pobres. Ele, tendo recebido o bocado, saiu logo. E era noite. 


Também devemos nos lembrar da amabilidade de Jesus para com Judas, o discípulo que O traiu. Cristo sabia o que Judas iria fazer. Contudo, ao lavar os pés de Judas, Jesus amavelmente realizou a tarefa que só um escravo estrangeiro era ensinado a fazer. Se esse ato de humildade não pôde convencê-lo do amor de Jesus, nada mais poderia. Talvez ele tivesse visto o comportamento de Jesus naquela noite como sinal de fraqueza – um ato indigno de alguém que afirmava ser seu Rei.


Com frequência, muitas pessoas hoje veem atos amáveis como sinais de fraqueza. Contudo, precisamos nos lembrar de que atos amáveis realizados como resultado de nosso relacionamento com Cristo são registrados nos livros do Céu. Nunca nos empenhemos numa análise custo-benefício para ajudar a decidir se devemos praticar esse ou aquele ato de amabilidade. Ser amável nunca devia ter que ver com o benefício que poderia ser obtido de atos de amabilidade, mas com o benefício que os outros podem tirar deles, a despeito do que possa nos custar.


Como cristãos, devemos nos certificar de que nossas palavras e atos refletem o caráter de nosso Salvador. Aprender dEle diariamente nos ajuda a estar conscientes de Seu caráter e das expectativas que Ele tem em relação a nós. E ser amáveis é uma dessas expectativas. Lembremo-nos sempre de que o amor e a verdade são os fundamentos de Seu reino. A amabilidade sincera é a medida desse fundamento. É o aspecto prático de nossa religião.
1. The SDA Bible Commentary, v. 7, p. 212.
2. Ibid.



Mãos à Bíblia
Uma das maneiras mais importantes de manifestarmos amabilidade, especialmente em casa, é o modo de falar uns com os outros. A atmosfera do lar é grandemente determinada pelas palavras que pronunciamos. Tantos problemas, tantas ofensas, tantas tensões e até brigas poderiam ser evitados caso fôssemos cuidadosos não só com o que dizemos, mas como dizemos. Com frequência, pode-se dizer algo e não ferir nem ofender, ou pode-se dizer as mesmas palavras para a mesma pessoa e ferir e ofender muito. A chave é a maneira de falar.


4. Que princípios importantes se encontram na Bíblia sobre o que dizemos e como dizemos? Como você usa as palavras quando fala com os outros? O que você pode fazer para ser mais amável na comunicação verbal? 

Pv 15:1-5  -  A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. A língua dos sábios adorna o conhecimento, mas a boca dos insensatos derrama a estultícia. Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons. A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito. O insensato despreza a instrução de seu pai, mas o que atende à repreensão consegue a prudência.  

Pv. 25:11-15  -  Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. Como pendentes e jóias de ouro puro, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento. Como o frescor de neve no tempo da ceifa, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam, porque refrigera a alma dos seus senhores. Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez. A longanimidade persuade o príncipe, e a língua branda esmaga ossos.

Caroline Mwelu Nairóbi, Quênia



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