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sábado, 16 de janeiro de 2010

Nosso Deus gosta de festas







Lucas 15 contém três histórias familiares: a ovelha perdida, a moeda perdida e dois filhos perdidos. Podemos nos identificar com todas as três, porque uma vez ou outra todos nós já nos sentimos perdidos.


Nesse capítulo, Jesus descreve as pessoas como perdidas, não como pecadoras. A ênfase está na condição de estar perdido, não nos atos. Ele olha para a pessoa, não para as obras.


Dando uma olhada mais de perto. 


De que forma cada protagonista é diferente? A ovelha desgarrada se desviou. Em busca de pastos mais verdes, perdeu de vista o rebanho. Talvez tenha escorregado e ficado presa num espinheiro. Quando gritou por ajuda, ficou surpresa em se ver sozinha. À medida que se desvanecia a luz do dia, animais selvagens começaram a perambular por perto.


Na segunda história, a moeda é perdida não por sua própria culpa. Ela não fugiu para um canto e se escondeu debaixo de um cesto ou de algum outro objeto. A pessoa que devia protegê-la tratou-a de maneira descuidada ou perdeu-a acidentalmente. Seja qual for a razão, a pessoa responsável por ela falhou.


A terceira história é sobre dois filhos perdidos – um que deliberadamente desafiou a cultura e a família e buscou sua independência num país distante, e outro que se extraviou na atitude enquanto permanecia em casa.


As três histórias falam sobre separação – do pastor, da pessoa responsável e do pai. Também refletem solidão – do pastor com 99 ovelhas, da pessoa responsável pelas nove moedas, e do pai que ficou esperando e observando enquanto filhos queridos lutavam para resolver relacionamentos.


A ação é um tema chave. Em cada história, os perdidos são procurados. O pastor, a pessoa responsável e o pai procuraram ativamente os perdidos. Eles se importaram com os perdidos e experimentaram um profundo vazio que não poderia ser preenchido até que os perdidos fossem encontrados.


O epílogo. 


Cada uma das histórias acaba com uma festa. Lucas 15 pinta um quadro de alegria. “Não pensamos facilmente em Deus como alguém alegre, e consequentemente nossa teologia é rígida, dura e formalista. Contudo, a figura que Jesus nos dá nas três histórias é a de um Deus que gosta de festas! É Jesus quem dá as festas para os pecadores e os rejeitados. É Deus quem inicia as festas. Mais espaço é dado no texto para a alegria, para o regozijo e para as festas do que para qualquer dos outros três conceitos [estar perdido, ser procurado e ser encontrado]. Com um amor tão incansável, como poderia ser diferente? E o segundo fruto do Espírito, a alegria, não é resultado do amor?”1


Por que Deus passa tanto tempo comemorando a recuperação do perdido? “São o dono da ovelha, a dona da moeda e o pai em espera que mais sofrem. É Deus quem mais sofre quando estamos perdidos, mas também é Deus quem mais Se regozija quando o perdido é encontrado. ... Deus gosta de festas!”2


Quantas vezes lemos Lucas 15 e deixamos de perceber essa ideia? Eu me aventuraria a dizer que a maioria das palavras escritas sobre Lucas 15 – se não quase todas elas – refletem a perspectiva narcisista dos seres humanos. Bem poucos já pensaram a respeito de como Deus deve Se sentir sobre Seus filhos e filhas que vagueiam no deserto de um país distante, muito longe do Jardim do Éden, e sendo obrigados a consumir o que os porcos se recusam a comer. Deus proporcionou abundância. Nós escolhemos refugo. Como o coração dEle deve doer! Ele anseia tanto nos dar o dom da alegria, e teimosamente insistimos, como uma criança de dois anos, querendo fazer as coisas a nosso modo.


C. S. Lewis (1898-1963) escreveu sobre sua jornada do ateísmo ao cristianismo. Ele se lembra do forte, mas passageiro sentimento de alegria de quando era garoto e seu irmão lhe mostrou a representação de um jardim na tampa de uma lata. Houve outras ocasiões em que ele experimentou o anseio por algo que não conseguia dizer o que era. Olhando para trás, ele se convenceu de que Deus estava usando essas “flechas de alegria [que] haviam sido atiradas em mim desde a infância” para perfurar sua absorção consigo mesmo, para inspirá-lo a olhar para além do imediato a fim de ver a fonte da alegria eterna – Deus.


A conversão dele ocorreu ao longo de um período de anos. Apesar de seus sentimentos misturados, a alegria predominou. “De certa forma, a história central da minha vida não é sobre outra coisa... é a de um desejo não satisfeito. Porém, ele é mais desejável que qualquer outra satisfação. Chamo-o de Alegria, que aqui é um termo técnico e precisa ser agudamente distinguido tanto de Felicidade quanto de Prazer.”3


1. Caleb Rosado, What Is God Like? Renew Your Acquaintance With a Compassionate God (Hagerstown, Maryland: Review and Herald Publishing Association, 1988), p. 46.
2. Ibid., p. 57.
3. C. S. Lewis, 
Surpreendido Pela Alegria (São Paulo: Ed. Mundo Cristão, 1998), p. 23-25.


Mãos à Bíblia
A fim de entender completamente a alegria do cristão, devemos examinar o estilo de vida cheio de alegria de Cristo. De onde vinha a alegria dEle? Quais eram os princípios pelos quais Ele vivia?


2. Que papel tinha a alegria em três das parábolas mais populares que Jesus contou? Qual é o elemento comum nas três histórias?


a. A ovelha perdida (Lc 15:4-7)  -  Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la?Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 

b. A moeda perdida (
Lc 15:8-10)  - Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma, não acende a candeia, varre a casa e a procura diligentemente até encontrá-la? E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido. Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. 

c. O filho pródigo (
Lc 15:11-24)  -  Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.


Essas três parábolas nos dão um vislumbre do coração de Deus. É um coração disposto a celebrar. É a pura alegria de Deus, alegria de alcançar os perdidos. Não é de admirar que, apesar de Suas provações e sofrimento, Jesus estava ungido de alegria, pois Ele sabia que por causa do que realizaria muitos seriam salvos.


Monte Sahlin Springboro, EUA



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