A quem adoramos?
Adorar é relacionar-se, é comungar com Deus
O homem tem em seu âmago a adoração como princípio de vida. Quando não reconhece a Deus como seu objetivo de culto O substitui por outras formas e ou símbolos.
Mesmo que digamos que somos crentes em Deus, podemos cair em tentação de num momento deixar de pô-Lo como o primeiro em nossa vida.
O princípio da adoração é este: o que o homem põe em primeiro lugar no coração, torna-se seu deus, também pode ocorrer de ele ter vários deuses. Este princípio encontra-se no primeiro dos dez mandamentos: “Não terás outros deuses diante de mim.” (Êxo. 20:3).
Deus se alegra com relacionamentos, não com ritualismos; com comunhão pessoal, não com formalismos. Como disse Jesus à mulher samaritana: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade.” (João 4:23-24). Adorar a Deus em espírito implica um relacionamento pessoal em amor. E adorar a Deus em verdade implica em conhecer e obedecer à Palavra de Deus, que é a verdade. (Sal. 119:160 e João 17:17). O adorador tem de estudar a Bíblia individualmente à procura de tesouros escondidos. O Espírito Santo anseia revelar aos Seus filhos essas verdades. O caráter de amor de Deus foi revelado por Jesus, quando esteve aqui na terra, mas especialmente na cruz.
Jesus deu ênfase ao assunto da adoração apontando a importância dela para a salvação do homem. Ele disse: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; (Mat. 10:37) Ao jovem rico, que pensava obedecer e amar a Deus, Jesus desafiou-o a vender tudo o que tinha, dá aos pobres e depois seguí-Lo, diz o relato bíblico que o jovem saiu triste, pois era muito rico. Para esse jovem a riqueza era o seu deus. (Mat. 19:21; Mar. 10:21 e Luca. 18:22-23). Qual é o nosso deus eventual ou constante? A quem adoramos é o verdadeiro Deus?
Muitos acham que Deus é muito duro em Sua exigência, ao querer que Seus filhos O amem acima até de seus próprios familiares ou abandone tudo para seguí-Lo (Luc. 18:28-30). Acontece que Deus não exige nada que Ele mesmo não tenha dado o exemplo.
Jesus era e é Deus. Jamais foi menos do que Deus. Mesmo em seu curto período na terra, Sua divindade estava escondida por Sua humanidade. Diz as sagradas Escrituras: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.” “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1:1-3 e 14).
O apóstolo Paulo confirma a divindade de Jesus, nestas palavras: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, ..., pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, ... mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e: Cetro de eqüidade é o cetro do seu reino. ...; por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu com o óleo de alegria ... Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e os céus são obra das tuas mãos...”; (Heb. 1:1-3 e 8-10).
Pensem no exemplo de Jesus ao se dispor a deixar Sua glória, Seu poder, Sua posição de conforto e segurança ao lado de Seu Pai e vir a este mundo escuro, numa posição milhões de vezes inferior à que tinha nos Céus, para nos salvar. Tomando esta decisão Deus provou e prova o quanto nos ama. O apóstolo Paulo, em sua carta aos filipenses 2:5-11, descreve em palavras vivas essa descida, essa humilhação de Jesus,: “ Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.”
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16). O amor de Deus é incondicional. Seu sacrifício na cruz do calvário é extensivo a toda a raça humana. No entanto, a salvação é condicional, não é forçada, Deus não obriga ninguém a querer voltar para o Lar Eterno. Cada ser humano tem que escolher a quem obedecer, a quem adorar, a quem servir, a quem amar. A resposta ao meio de salvação aberto por Cristo ao morrer na cruz só depende do ser humano e de mais ninguém. O convite de Deus é para escolhermos a Vida, não a morte. A Salvação, não a perdição. A Luz, não as trevas. “....para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3:16).
Deus fez e faz tudo, Deus deu é dá o melhor que a divindade tem e pode fazer para levar suas criaturas de volta ao Lar Eterno. Deus nos ama, esta é a mensagem central que Jesus nos ensinou ao ser pregado na cruz.
Será que temos noção do quanto Deus está investindo e tem investido do Seu tempo, dos Seus recursos para salvar a raça humana? Desde que nossos primeiros pais pecaram Deus nos considera a ovelha perdida, a ovelha que desgarrou-se do redil do Bom Pastor (Luc. 15:4-7 e João. 10:11 e 14).
Porque Deus usa a imagem da ovelha para representar o ser humano? Justamente porque a ovelha é um dos poucos animais que é desprovido de senso de orientação e de defesa. Sabe onde está, mas não se lembra de onde veio e nem sabe voltar para a segurança e o conforto do curral. Ela precisa desesperadamente da ajuda do bom pastor (sal. 23).
Quantas lições Jesus extraiu desta situação para nos alertar do quanto necessitamos da guia e da orientação segura para sermos amparados sob Seu eterno amor.
Nosso planeta é como a única ovelha que desgarrou-se do aprisco do Bom Pastor. As noventa e nove estão seguras, mas Deus investe tudo para salvar a perdida. A grande pergunta é: Nós estamos dispostos a fazer tudo o que Deus quer para salvar a nós, aos nossos entes queridos e aos que nos rodeiam? Estamos dispostos a seguir o exemplo de sacrifício e amor do próprio Deus? O segredo da vitória Jesus também nos deu: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus... “ (fil. 2:5).
Este segredo é o cerne, o âmago da boa convivência entre as pessoas e que é ensinado por toda a Bíblia: “Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros.” (fil. 2:3-4)
A adoração a um único Deus e o amor ao próximo é o cerne da harmonia do universo. Quando lutamos por nossos próprios interesses, significa que a qualquer momento entraremos em confronto com os interesses pessoais dos outros. Temos a tendência de nos protegermos. E essa autoproteção gera conflitos.
Se, com nossos próprios esforços e méritos, todos pudéssemos ter um coração puro ou construir um caráter totalmente honesto, ético, moralmente saudável, sem arriscar nossa vida e saúde e as das outras pessoas, se não trabalhássemos pelo lucro fácil, se não fôssemos corruptos, egoístas, orgulhosos, presunçosos creio que já teríamos alcançado o paraíso. Atingido o tão almejado estilo de vida perfeito. O que muitos chamam de utopia. Acontece que a realidade é outra. O homem jamais alcançará este estágio de civilidade ou perfeição por seus próprios esforços, como disse Jesus: “...sem mim nada podeis fazer.” (João 15:5).
A adoração a Deus, nosso Criador e mantenedor, é o único remédio contra a maldição do pecado que aflige o coração do homem. É na aproximação e comunhão pessoal do homem com Deus, que todas as criaturas se aproximam em amor uns dos outros.
A mensagem central da Bíblia é resumida por Jesus nestes mandamentos:
“Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força.” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.” (Mar. 12:30-31).
Este primeiro mandamento é um convite à adoração. É um convite ao relacionamento. Um convite à comunhão. Quando duas pessoas se amam, há um relacionamento pessoal, intransferível e constante. Deus não aceita uma adoração formal, estética, ritualista, repetitiva, mas aceita a adoração que é feita por amor. Muitos erram ao tratar a Deus como um objeto, uma estátua, um ser inanimado ou até criam confusão ao tratá-Lo como se fosse uma instituição ou uma igreja, esquecem-se que Deus é pessoa, que Ele ama relacionar-se com Seus filhos. Como enfatiza o profeta Isaías: “Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.” (Isaías 57:15).
É o próprio Deus, nosso Criador quem “vivifica nosso espírito abatido e vivifica o nosso coração contrito.” É Deus, em Pessoa, que aproxima-se de Seus filhos para reerguê-los e animá-los. Deus anseia a nossa companhia, anseia partilhar conosco a Sua presença santa e amorável. Ele é um Deus presente.
O salmo 121:5 diz “O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua direita.” A Bíblia na Linguagem de Hoje traduz assim: “O SENHOR guardará você; ele está sempre ao seu lado para protegê-lo.” Assim como não podemos nos separar de nossa sombra, Deus jamais nos abandonará. Esta é uma grande e maravilhosa verdade.
É sugestivo saber que um dos nomes de Jesus é Emanuel, que quer dizer: “Deus conosco”. “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco). (Mateus 1:23). Ler as profecias sobre Jesus em Isaías 7:14 e 8:8.
Amar a Deus de todo o coração, nos reporta ao sermão inaugural do ministério de Jesus, ao dizer: “buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mat 6:33). Adorar a Deus implica em bênçãos, o homem não sai de Sua presença de mãos vazias. Recebe bênçãos espirituais e materiais. Estas, Ele derrama graciosamente sobre Seus filhos queridos. O amor de Deus é incondicional.
No entanto, Deus se entristece ao ver que muitos adoradores tratam a Ele como se fosse comerciante. Esses pensam que têm primeiro que dar-Lhe algo para depois receber, querem comprar as bênçãos através de penitências, promessas e mais promessas ou consideram Deus como uma divindade irada, tendo que agradá-Lo com oferendas para não receber castigos. Muitos, ainda, aproximam-se de Deus com o intuito de salvar-se das enrascadas que se meteram, é o tipo de adoração por interesses escusos.
Ainda, há outros crentes equivocados, vão à igreja e pensam que adoram a Deus, mas na verdade adoram um estilo de vida, um “status quo”, adoram uma instituição (a igreja) e o que ela representa para sua vida. Há outros que obedecem cegamente os seus líderes espirituais, sem que esses pronunciem um claro “assim diz o Senhor” estabelecido pela Palavra de Deus. Isto configura adorar a criatura. Há pessoas que dizem agir em nome de Deus e provocam danos e sofrimentos intensos aos que não concordam com seus princípios de vida e prática. Adorar significa muito mais que isto.
A mensagem principal da Bíblia é que Deus é amor. Esta verdade percorre cada linha da Palavra de Deus. Deus é a fonte única de amor. Só sabemos amar ou só aprendemos a amar quando nos abastecemos diretamente desta Fonte. “Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.” (1 João 4:8) e “E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele.” (1 João 4:16). Devemos humildemente orar: “Senhor ensina-nos a amar.”
Mas, para que a adoração a Deus seja completa, amar a Deus somente não basta, temos que amar nossos irmãos. Temos que amar nossos semelhantes, pois é o mandamento de Jesus. Caso cumpramos a metade da ordenança, seremos considerados, por Deus, como hipócritas. O apóstolo João, em sua carta, nos alerta: “Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.” (1João 4:20-21).
“Amar a Deus sobre todas as coisas (implica adorar o Criador acima da criatura) e Amar ao próximo como a nós mesmos.” (implica cuidar e respeitar o outro como ele sendo superior a nós mesmos). A pessoa que ama a Deus, amará a si mesmo e trabalhará pelo bom interesse de seu próximo. A pessoa que ama seu irmão jamais se apoiará inteiramente nele, pois só o Senhor “é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações.” (Salm 46:1). O profeta Jeremias já nos advertia contra este perigo, com estas palavras: “Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jeremias 17:5).
Muitos que dão valor às formalidades e às belas palavras acreditariam que se estes mandamentos fossem aceitos e praticados por todos, o mundo seria transformado. Ledo engano, estaria faltando algo. Amar a Deus e amar ao próximo não é um sentimento ou atitude natural do coração humano. Amar é um dom de Deus e, por ser um dom, uma dádiva, só a tem quem busca (adora) a Deus de todo coração. Aprendemos a amar, quando nos relacionamos pessoalmente com Aquele que é amor (1 João 4:8). No relacionamento pessoal, na comunhão com Deus, acontece a adoração de forma viva, real e pura, é onde nasce o perfeito amor.
A verdade é que sempre nos tornamos semelhantes ao objeto de nossa adoração. Deus é amor, é a verdade é a vida (João 14:6). Já o deus deste mundo é egoísta, corrupto e mentiroso. Há uma grande diferença entre adorar o que é passageiro, material, falho e fraco e adorar Aquele que é eterno, o criador onipotente, Aquele que não muda.
A Palavra de Deus lista algumas coisas como idolatria, que normalmente valorizamos ou que não nos damos conta que assim é considerada pelos Céus. Como exemplo, temos que a rebelião e a obstinação contra Deus é tida como idolatria, como também o é a prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, vejam o que a Bíblia diz:
“Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação (orgulho) é como a idolatria e culto a ídolos do lar. Visto que rejeitaste a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.” (1 Sam. 15:23) - Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria” (Col. 3:5). E o conselho do apóstolo é: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria.” (1 Cor. 10:14).
Adorar a Deus é um dom, uma bênção, um privilégio. O verdadeiro Deus eleva, enobrece, valoriza a dignidade humana, já o deus deste mundo rebaixa o homem à condição de escravo do pecado. Escolham hoje a quem adorar. Que respondamos corajosamente, como Josué, o sucessor de Moisés: “Porém, se vos parece mal servir ao SENHOR, escolhei, hoje, a quem sirvais: ... Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR.” (Josué 24:15).
Muniz de Albuquerque
Teólogo e advogado